Recebi hoje, por e-mail, o texto a seguir de meu colega no Clube da Voz, Ricardo Homuth, que trata do triste episódio em que Mario Bortolotto foi baleado por marginais. Justo ele que, com estilo mordaz, retrata tão bem o submundo em suas montagens teatrais.
Tomara que o Bortolotto se recupere.
A ARQUITETURA E O CRIME
O concurso público cujo projeto vitorioso gerou a atual Praça Roosevelt teve a sorte de entrar para a história como um simples “equívoco arquitetônico”.
Mesmo quem não acredita que a arquitetura pode ser determinante teve que acompanhar a agonia e o posterior fechamento da Biblioteca Pública Circulante, dos Cine Clubes e até do Supermercado que um dia existiram ali.
Pois bem, depois da arquitetura cumprir seu papel às avessas, transformando a Praça Roosevelt em um lugar urbanisticamente inviável, entregue à violência, à indigência e à prostituição, eis que a desvalorização transformou o local numa alternativa para pequenos grupos de teatro ali se estabelecerem.
Os atores não tem medo de nada. Usam a cidade e suas mazelas como material para sua poesia, suas peças, seua atos.Vivem de transformar a realidade.
Foi assim que, um após outro, os grupos foram chegando, Satyros, Cemitério de Automóveis, Parlapatões … e, claro, o público.
A volta da vida na Praça foi um presente da classe teatral para a cidade.
Como sempre acontece com movimentos espontâneos, os políticos viram ali uma oportunidade de angariar votos, fazer discursos e propor projetos que passariam de uma gestão à gestão seguinte, com novos discursos, novos projetos e nova adulação aos bravos do teatro, instalados na Praça.
Mas havia nisso uma tragédia anunciada.